terça-feira, 3 de abril de 2012

VOCÊ SABE QUEM FEZ A PRIMEIRA TRAVESSIA AÉREA DO ATLÂNTICO SUL?

                                            
No último dia 30 de Março de 2012, fez noventa anos que aconteceu a primeira travessia aérea de  Lisboa ao Rio deJaneiro. É um fato histórico realizado por dois aviadores que tanto engrandece Portugal quanto aquele feito memorável de 1500, quando a frota de navegadores comandados por Pedro Álvares Cabral enfrentou os mares desconhecidos do Atlântico Sul na busca e “achamento” das terras brasis.

Por esta razão, e também porque muita gente desconhece esta saga aérea histórica, aqui como além mar, é que aproveito nosso blog para relembrar e divulgar detalhes de como foi realizada “A primeira travessia aérea do Atlântico Sul” pelos dois aviadores portugueses.

Breve postarei também, quando, como e quem realizou a primeira travessia aérea do Atlântico Norte.
Terei ainda oportunidade de contar como foi feita a primeira viagem de submarino que mergulhou debaixo da calota polar ártica, nos Mares gelados do Canadá, até emergir na Sibéria.
São coisas essas que despertam nossa curiosidade e enriquecem o conhecimento.

1 - Em Salvador, no Comércio, poucos sabem, havia um pequeno monumento com uma placa registrando a passagem por esta cidade, em junho de 1922, dos dois heróis portugueses, que após terem abastecido seu pequeno monomotor hidroavião, seguiram para Vitória e dali para o Rio de Janeiro.
2 - A praça onde se localiza o Aeroporto de Salvador recebeu a denominação de Gago Coutinho e Sacadura Cabral em homenagem aos dois pioneiros.

Mas voltemos ao assunto de hoje.

Em 1922 foi feito o primeiro voo sobre o Atlântico Sul pelos oficiais portugueses Sacadura Cabral e Gago Coutinho saindo de Lisboa com destino ao Rio, em pequeno hidroavião “FaireyFIII-D".

O objetivo do governo português da época, ao promover esta travessia,  era realizar uma sensacional proeza aérea que faria parte das comemorações do primeiro centenário da independência do Brasil que aconteciam no ano de 1922.
Ao mesmo tempo era repetir por ar a viagem de Pedro Álvares Cabral pelo Atlântico Sul que resultou no “achamento” e tomada de posse das terras brasis, em 1500.

                              PRELIMINARES 

Em 1919, o Comandante Sacadura Cabral tomou a iniciativa de planejar uma viagem aérea ligando Lisboa ao Rio de Janeiro, por ocasião do Centenário da Independência do país irmão, em 1922.
Apresentadaa proposta ao Ministro da Marinha foi logo aprovada e autorizados os recursos necessários para realizá-la.

Tal idéia implicava estudos técnicos e logísticos relativos às rotas, tipo de avião  e métodos de navegação.
Diante desses problemas Sacadura Cabral convidou o Comandante Gago Coutinho, seu ex-chefe nas missões geodésicas na África, para colaborar nesses estudos, incluindo a finalização e aperfeiçoamento do sextante de horizonte artificial, elemento indispensável para a navegação astronômica aérea.
O sextante criado resultou de uma adaptação do clássico sextante de marinha, realizada em 1919 pelo então CMG Gago Coutinho, mediante a aplicação de um nível de bolha de ar e de um espelho auxiliar para refletir a imagem da bolha.
Este dispositivo permitia assim definir um plano horizontal, à semelhança da prática com nível de pedreiro.
Gago Coutinho desenvolveu inicialmente este trabalho com vistas à navegação marítima, nas situações de horizonte de mar não visível, de dia ou de noite.
Esta invenção, até então inédita, revolucionaria os métodos de navegação aérea, permitindo realizá-la com precisão, sem qualquer auxílio exterior.
O sistema de Gago Coutinho trouxe, porém, uma inovação genial, que facilitou grandemente a prática das observações e melhorou o rigor das leituras. Essa inovação consistiu em utilizar um nível cujo raio de curvatura era exatamente igual à distância entre o olho do observadore a imagem virtual da bolha no espelho auxiliar. Desta simples sutileza geométrica resultava que as oscilações angulares do sextante de vidas à instabilidade do navio (ou avião) eram iguais aos deslocamentos angulares da bolha. A leitura da altura do astro não era afetada por essas oscilações, desde que se mantivesse a respectiva imagem coincidente com a bolha, sem sujeição a qualquer outra referência fixa, como era o caso dos modelos estrangeiros.
O modelo de Gago Coutinho era chamado de "Astrolábio de Precisão".
A firma alemã Plath produziu em série, com a anuência graciosa de Gago Coutinho.
O sextante original utilizado por Gago Coutinho é hoje uma das mais valiosas relíquias do nosso Museu de Marinha, estando em exposição juntamente com o “Corretor de Rumos”, próximo do hidroavião Santa Cruz, que finalizou ahistórica Travessia Aérea.


                  PROVIDÊNCIAS INICIAIS PARA AVIAGEM

Em1920, Sacadura Cabral foi à Inglaterra para adquirir material para a AviaçãoNaval portuguesa e conhecer os tipos de aeronaves considerados ideais para arealização da travessia do Atlântico.
Sua opção recaiu na compra de um hidroavião, devido à inexistência de aeródromos nas Ilhas de Cabo Verde e Fernando de Noronha, e sua escolha apontou o fabricante inglês Fairey, construtor do avião F III-D o confiável motor Rolls Royce, que o aviador português bem conheceu na sua viagem anterior de Lisboa  a Funchal.
A empresa Fairey, inclusive, já dispunha do projeto de um hidroavião com características semelhantes a que Sacadura Cabral procurava, ou seja, o FIII-D, modificado, adaptado a uma viagem transoceânica, com a envergadura das asas aumentada e depósitos suplementares de combustível nos flutuadores principais.
Sacadura Cabral, com sua laboriosa equipe, acompanhou a construção e modificação do avião, que, após difíceis experiências e reajustamentos, ficou pronto quase no final do ano de 1921.
O contrato de aquisição de aviões à fábrica Fairey incluía mais dois hidroaviões F III-D, de reserva.
O primeiro avião, que mais tarde seria denominado de “Lusitânia”, foi recebido encaixotado, em janeiro de 1922, e enviado para Lisboa onde o pessoal do Centro de Aviação Naval de Lisboa iniciou a sua montagem.
Ali,Sacadura Cabral e Gago Coutinho acompanharam, de forma frenética, todos os passos para a preparação da aeronave, torcendo para que tudo ficasse pronto antes do final do mês de março.
Os mecânicos e técnicos do Centro engajaram-se com entusiasmo e  denodo, na tarefa de aprontar o hidroavião,em tempo hábil, para a inusitada e arrojada missão.

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