sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

CURIOSIDADES V


Meus amigos visitantes deste Blog, admirem a maravilha da natureza que é a Vespa Amófila. Conhecê-la é bom!

Há muitos anos fui visitar um amigo e ao entrar no portão da casa vi na pequena cobertura, várias bolinhas de barro coladas por baixo das telhas e dos caibros e perguntei o que era aquilo. Ninguém soube explicar, apenas diziam que eram ninhos de vespas.
Como pesquisador sempre gostei de saber o quê e o porquê das coisas que encontro e logo comecei a investigar o fato, a observar e ler tudo sobre vespas e insetos e descobri muitas informações sobre a origem e os construtores desses estranhos ninhos, uns redondos e outros tubulares .

Mas, afinal, o que são essas vespas chamadas amófilas?


Há duas espécies delas: as Sociais e as Solitárias, ambas são vespas que se alimentam de néctar e pólen de flores.
As sociais fazem favos coletivos como as abelhas comuns criam uma rainha que depositará ovos nos alvéolos construídos por elas  e neles alimentam as larvas-filhotes com mel especial e alimentam-se com o que produzem. São os arapuás, marimbondos, vespas grandes e pequeninas.


Colméia social com rainha depositando ovos nos alvéolos

 

A categoria solitária faz sozinha seu ninho para depositar seus ovos e criar os filhotes, geralmente feito de barro, quer na forma de bolinha ou tubular. São vespas de maior porte e com ferrão, chamadas também “daubers da lama” por usarem esse produto.

Os daubers da lama são vespas longas, delgadas nas cinturas. O nome deste grupo vem dos ninhos que são feitos de barro moldado pelas fêmeas.

Há três espécies diferentes de daubers da lama, cada uma com coloração distintiva: o dauber da lama de coloração preta e outra amarelo, e um dauber metálico-azul com asas azuis que fazem o ninho em buraco no chão.

O dauber da lama, como o nome indica, constrói ninhos na forma de bolinhas.   O ninho dos daubers pretos e amarelos consta de uma série das tubinhos cilíndricos que são emplastradas. O dauber metálico-azul da lama não constrói ninho, mas simplesmente usa os abandonados ou o faz em buracos no chão onde imobilizam aranhas para nelas pôr os ovos.

Quem ainda não viu essas bolinhas ou tubinhos de barro nas paredes e tetos das varandas das casas? 

São os lindos ninhos das amófilas construídos por dias seguidos com barro que carregam nas patas em pequeninas bolinhas e os  moldam em tubos ou bolinhas, como artesão habilidoso, para neles criar seus filhotes. 

 

Logo que o  ninho está pronto a vespa vai na busca de alimento para os futuros filhos que nascerão dos ovos.

Quem lhe disse de fazer isso? – A natureza.

Ela sai à procura de lagartas nos vegetais e as imobiliza dando-lhes nove picadas nos 9 centros motores do movimento, sem as matar.

 

Quem lhe ensinou isso? – A natureza.

Ela segura com as mandíbulas a lagarta pela cabeça apesar de se debater, e espeta três vezes o ferrão no tórax e em três anéis do abdômen da vítima, anestesiando-a, deixando-a impossibilitada de andar e apenas se enrola e desenrola.

 

Como um anatomista a vespa, após ferroar a lagarta, fica a seu lado batendo-a com suas mandíbulas, passando sobre ela com precisão admirável, vibrando as asas, até seu veneno fazer efeito, ou enterrando mais vezes o ferrão para que fique imóvel, sem estar morta.

Isto é maravilhoso de observar para o pesquisador ou o estudioso de biologia que assim adquire informações valiosas sobre essas criaturas!!
 

Só então, após bater com as mandíbulas na cabeça da presa repetidas vezes até deixa-la ficar totalmente imóvel, resolve carregá-la para o ninho pois acha que está apta para servir de alimento às futuras larvas que vão nascer dos ovos que vai depositar nas costas dela.

  

Após desovar sobre a lagarta paralisada a vespa fecha com barro a entrada do ninho. Nunca mais ali volta, pois fez o que a natureza lhe ordenou: “multiplicai-vos.” 

Com o calor e o tempo desses ovos saem larvas brancas que vão se alimentando do corpo vivo e imóvel da lagarta e ali crescem.

 


Nessa estufa vão passando pelas fases de larvas, depois de pupas e por fim de vespinhas que, ao terem força suficiente, começam a abrir buracos na parede redonda da casinha de barro e dali saem voando.

Quem as mandou fazer isso? A natureza.

 

Sim. A autora dessas maravilhas é a mãe natureza que faz recomeçar nova vida em cada amófila da lama que nasce dentro da casinha de barro.

 

Essas transformações se processam por algumas semanas.

 

Ainda não foi cronometrado o tempo exato de duração das metamorfoses da vespa amófila.

Será um belo trabalho para nossos jovens futuros cientistas que no NUPEC (Núcleo de pesquisas e estudos científicos) do Centro Cultural de Lençóis se capacitarão para se aprofundarem nas pesquisas desses insetos.

Além do mais eles serão divulgadores da ciência nas escolas e cada um se tornará um legítimo guardião prestimoso da rica biodiversidade da Chapada Diamantina.

 

REFERÊNCIAS

Minhas anotações de leituras realizadas.

Notas de meus Cadernos de pesquisas

Imagens da Internet