terça-feira, 19 de junho de 2012

PARA NÃO ESQUECER A HISTÓRIA DA GRAVAÇÃO DE DISCOS

        O PORQUÊ DESTAS MATÉRIAS.

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A HISTÓRIA  DOS GRAMOFONES

Em 1877 Thomas Edison, o inventar da lâmpada elétrica,  criou o primeiro gravador de sons: o fonógrafo. A gravação era feita sobre um cilindro coberto por um papel laminado. O primeiro som gravado, durante o processo de criação do aparelho, foi um poeminha infantil chamado "Mary tinha uma Ovelhinha", na voz do próprio Edison.
Essa máquina para gravar sons e voz humana era vendida com muito sucesso por aqueles que aprendiam a manipular a alavanca que rodava o cilindro.   
Durante dez anos a máquina de produzir gravações em escala industrial mecanicamente foi melhorada com a invenção do gramofone com gravação em disco rotativo horizontal pelo alemão Emile Berliner, que deu início à indústria  fonográfica.
Os primeiros discos eram cobertos de goma-laca (uma resina de planta), e operavam em 78 rotações por minuto (rpm) para se poder ouvir nitidamente e entender o que era gravado. Depois a goma-laca foi substituída pela cera de carnaúba e por último por acetato.
É nessa época que aparece a figura Fred Figner e a história da gravação musical em gramofones no Brasil.


             FRED FIGNER  E  OS GRAMOFONES 
Frederico Figner, filho de pais judeus, nasceu em 02 de dezembro de 1866 em Milevsko, na então Tcheco-Eslováquia. 
Ainda muito jovem e buscando ampliar seus horizontes, migrou para os Estados Unidos, chegando ao país no momento em que Thomas Edison estava lançando um aparelho que registrava e reproduzia sons por intermédio de cilindros giratórios. 
Fascinado pela novidade, adquiriu um desses equipamentos e vários rolos de gravação, embarcou com sua preciosa carga em um navio rumo a Belém do Pará, onde chegou em 1891 sem conhecer uma única palavra de Português. 
Naquela cidade começou a exibir a novidade para o público, que pagava para registrar e escutar a própria voz.
O sucesso foi imediato e, de Belém, Fred se dirigiu para outras praças, sempre com o gravador a tiracolo.
Passou por Manaus, Fortaleza, Natal, João Pessoa, Recife e Salvador antes de chegar ao Rio de Janeiro, no ano seguinte, já falando e entendendo um pouquinho do nosso idioma e com um razoável pé de meia. 
Na Cidade Maravilhosa Figner abriu sua primeira loja, a Casa Edison, em um sobrado da Rua Uruguaiana, onde importava e comercializava esses primeiros fonógrafos. 


                    A CASA EDISON

Por essa mesma época o cientista judeu Emile Berliner tinha acabado de lançar nos Estados Unidos um equipamento de gravação que utilizava discos revestidos com cera, com qualidade sonora superior ao do aparelho de Thomas Edison.
Fred Figner percebeu de imediato o potencial da nova invenção e transferiu seu estabelecimento da
Rua Uruguaiana para uma loja térrea na tradicional Rua do Ouvidor, onde abriu o primeiro estúdio de gravação e varejo de discos do Brasil, em 1900.

              Casa Edison da Rua do Ouvidor

                             
OS PRIMEIROS DISCOS
Os discos fabricados por Figner, nessa fase inicial, utilizavam uma camada de cera de carnaúba e eram gravados em apenas uma das faces e tocados em vitrolas movidas a manivela. 
Apesar das limitações técnicas, essa iniciativa representou uma verdadeira revolução para a música popular brasileira, que engatinhava, pois até então os artistas só podiam se apresentar ao vivo, ou comercializar suas criações por intermédio de partituras impressas.
 
O primeiro disco brasileiro foi gravado na Casa Edison pelo cantor Manuel Pedro dos Santos, conhecido como Bahiano, em 1902. 
Foi o lundu “ISTO É BOM”, de autoria do seu conterrâneo Xisto da Bahia. 
A partir daí mais e mais artistas começaram a gravar suas composições em discos que eram distribuídos pela Casa Edison do Rio e também pela filial que Figner havia aberto em São Paulo. 
A procura pelos discos cresceu tanto que em 1913 Fred decidiu instalar uma indústria fonográfica de grande porte na Av. 28 de Setembro, Vila Isabel, dando
origem ao consagrado selo de discos  Odeon.
                             A MANSÃO FIGNER
Fred Figner era um homem à frente do seu tempo e para coroar o sucesso nos negócios decidiu construir uma residência que espelhasse seu perfil empreendedor. 
A hoje conhecida Mansão Figner fica na Rua Marquês de Abrantes 99, no Flamengo, abriga o Centro Cultural Arte-Sesc e o restaurante Bistrô do Senac.
É considerada um exemplo arquitetônico raro de “casa burguesa do início do século 20”.
Fred Figner utilizou-a como hospital, em 1918, durante a pandemia conhecida como Gripe Espanhola.
Apesar dele próprio ser acometido pela enfermidade, atuou como um prestimoso auxiliar de enfermagem, transformando seu palacete em uma improvisada enfermaria de campanha que chegou a abrigar quatorze pacientes em seu interior.

                               
       
O RETIRO DOS ARTISTAS
Fred era um homem generoso e solidário.
Pela própria natureza do trabalho nas suas duas gravadoras havia se tornado amigo de muitos músicos e cantores de sucesso.
Em uma época que antecedeu à criação da Previdência Social, ficou consternado com a situação de penúria que alguns desses artistas tinham de enfrentar ao chegar à velhice.
Sensibilizado com esse verdadeiro drama social, não titubeou e decidiu doar um terreno seus, em Jacarepaguá, para a construção da modelar instituição Retiro dos Artistas, que funciona até os dias de hoje e a tantos tem beneficiado
. 
                                             
Em 19 de janeiro de 1947, quando faleceu, aos 81 anos de idade, ao se abrir seu testamento, verificou-se que Fred Figner havia destinado parte substancial dos seus bens às obras sociais de Chico Xavier.
Na época o jornal carioca “A Noite Ilustrada” publicou editorial em que o judeu Frederico Figner foi honrado, post-mortem, com o merecido título de “o mais brasileiro de todos os estrangeiros”.

  


Primeiro modelo de gravação  

Modelo de gramofone de Edson Marconi


Discos da Pathè


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