quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

UM MAMÍFERO MAL CONHECIDO

Por volta de meus quinze anos, fazia o antigo ginásio, quando descobri na biblioteca do colégio o livro “Diz ans sous la terre” de Norbert Casteret, no qual ele relata aquilo que por longos anos observou  explorando cavernas nos montes Pirineus.

Como eu dominava bem o idioma francês, logo comecei a ler o livro e conforme meu costume, fui anotando aquilo de que mais gostava dos relatos interessantes do autor-espeleólogo, ao longo da leitura.

Até hoje guardo estes meus alfarrábios com informações preciosas e alguns assuntos curiosos que passarei a divulgar neste Blog, completando-os com outros colhidos na internet. Acredito que assim poderei despertar o interesse e o gosto pela Ciência, nos jovens que o consultarem. 



Hoje começarei com um carinha esquisito - o morcego, - que só sai à noite, dorme de cabeça para baixo, é inofensivo, não cheira mal pois é muito limpo e já nasce com um sofisticado sonar como meio de comunicação.

É único mamífero voador da natureza, insetívoro, mas  também se alimenta de pequenos animais, rãs, lagartos, passarinhos, frutas e peixes e descansa pendurado de cabeça para baixo.

As ASAS  do morcego têm cinco dedos  unidos por membrana fina às patas trazeiras, cuja estrutura serviu de modelo a Clemente Ader para fazer um avião que efetuou o 1º vôo em 1890,  no parque Armainvilliers,  França.

Ei-lo na foto abaixo

O internauta Ricardo Firmino de Sousa , de Nova Xavantina (MT), quando participava do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra , capturou e fotografou este Morcego-gigante com  80 cm de envergardura, mas há outros com até 2m. Este é uma espécie muito rara no Brasil.                       
Características dos Morcegos
Os Morcegos por serem os únicos mamíferos voadores existentes na terra, por não serem aves pois não têm penas, nem bico,  foram classificados pelos cientistas em uma ordem científica só para eles, a Chiroptera, que significa "mãos de asa" (do grego, "kheir" = mão + "pteron" = asa).
Os morcegos desta ordem foram divididos  em dois grandes grupos, os Microchiroptera .  A este grupo  pertencem os de menor tamanho.
Já do grupo Megachiroptera  são os maiores morcegos do mundo, com até dois metros de envergadura e são frugívoros, pois só comem frutas.
Os fósseis mais antigos dos morcegos datam de 50 milhões de anos e são muito parecidos com os esqueletos dos morcegos modernos. Isso quer dizer que eles habitam a Terra há mais tempo que o ser humano, cujo ancestral mais antigo, o Australopithecuis afarensis, viveu há apenas 3,9 milhões de anos.
Até onde se sabe, existem no mundo pelo menos  937 espécies de morcegos, das quais 137 são brasileiras. De todas, apenas três espécies são hematófagas – alimentam-se de sangue - e vivem na América do Sul, sobretudo em áreas de pecuária e agrícultura.

Os morcegos  não são cegos, têm visão adaptada para ver na escuridão e algumas espécies frugívoras enxergam até algumas cores.                                Mas o sentido mais especial desses animais é a audição. Para localizar seu alimento, ou toca, eles são equipados com um sistema que funciona pelo eco, conhecido como ecolocação, ou ecolocalização, que foi aproveitado pelos submarinos nas profundidades dos oceanos para evitar perigos.

A audição humana normal não consegue ouvir um morcego, porque esses animais emitem os chamados ultrassons de alta frequência. Os morcegos de menor tamanho utilizam essa capacidade para caçar insetos à noite.                 Os sons de alta freqüência, ou ultrassons que emitem, rebatem no que estiver ao redor do animal e são recebidos de volta pela orelha do emissor e o cérebro do morcego "traduz" as informações sobre o seu tamanho e a distância exata dele.
Os morcegos produzem ultrassons na forma de gritos, guinchos, através da boca e nariz, que possuem reentrâncias para emiti-los. Suas orelhas são grandes para captar o som refletido. A precisão desse sistema é tanta que um morcego insetívoro  pode localizar com exímia precisão um mosquitinho em movimento como a ponta de um fio de cabelo.
Já os morcegos frugívoros não usam a ecolocação, mas a visão e o olfato.
Como os bebês humanos, os filhotes de morcegos nascem completamente indefesos e dependem da mãe, que os amamenta e protege e tem semelhança com as mulheres  por possuirem apenas um par de mamas no alto do tórax, diferente da maioria do outros mamíferos.
As mamães-morcego são cuidadosas. Elas têm apenas um ou dois filhotes por ano - e zelam muito bem deles. Quando a mãe sai para se alimentar, deixa seu filhote em uma espécie de "creche de morcegos", geralmente numa gruta em cujo teto ficam apinhados os demais  morceguinhos. Quando retorna, ela emite um som que é reconhecido por seu filhote, que responde ao chamado e dentre as centenas de filhotes gritando por suas mães, ela encontra o seu - sem erro.
Morcego insetívoro tem orelhas maiores para localizar pelo sonar a mariposa sobre a folha.
  

Os morcegos pertencem a duas subordens dos Quirópteros,  do grego kyros=mão + ptero=asa,   Microchiroptera, a qual pertencem os morcegos comuns ou verdadeiros, e a Megachiroptera, as raposas-voadoras, encontradas na África, Oceania e Ásia, também chamados  “morcegos-gigante” que não são hematófagos, nem se alimentam de peixes, apenas de frutas e pequenos animais. 

Os morcegos são os mais importantes controladores dos insetos noturnos, comendo até 500 mosquitos em uma hora, ou seja, quase 5 mil deles por noite.
Este é o grande benefício que o morcego traz para a humanidade, a proteção  das plantações.

                                  Morcego abocando uma perereca para se alimentar.

Há morcegos que se alimentam de peixes pequenos e camarões que pescam  com suas garras,  voando sobre a água, ou pendurados em galhos acima dela.
Algumas espécies de morcegos comem apenas frutas (frugívoros) e deixam cair as sementes durante o vôo, pois como dormem de cabeça para baixo, não defeca durante o dia, dispersando sementes e assim os ajudam a recuperação de áreas degradadas e reflorestamentos.
Estes morcegos frugívoros guiam-se pela vista e olfato, têm asas mais potentes para transportar frutas, pois não as devoram no local de colheita, tem vôo lento e 'barulhento',  não são ágeis e possuem orelhas menores que os insetívoros.
Os morcegos têm muita importância para a vegetação na terra pois cerca de dois terços das angiospermas das florestas tropicais do mundo são polinizadas por eles. Quando enfiam a cabeça nas flores, colam em si o pólen e ao irem em outras flores, polinizam-nas possibilitando sua reprodução como acontece com o pequi, alguns maracujás nativos, piquiá, sumaúma, munguba, jatobá, xiquexique, facheiro, caju, figo, manga, tâmara, bromélias etc.

                                           E OS VAMPIROS?
Não tenham receio deles, pois em cerca de mil espécies de morcego que existem no mundo, apenas três delas se alimentam de sangue de mamíferos nas zonas rurais - são os hematófagos, desmodus rotundus, - sendo que o mais comum deles habita a América do Sul e México.
Outra espécie o Diphylla ecaudata, alimenta-se de sangue de aves que pousam em árvores, mordendo-as e lambendo-lhes as penas. Este morcego é considerado em extinção entre nós por causa da degradação das florestas.

Os morcegos “vampiros” são usados em pesquisas científicas na busca de novos medicamentos para doenças do coração, devido à existência de uma potente substância anticoagulante na saliva deles.
Quando vão tirar sangue de um animal à noite, eles não emitem sons  para não alertar as vítimas, cavalos ou bois de sua preferência.

Os hematófagos nunca aparecem onde há luz, só abandonam seu abrigo após a completa escuridão, voam a cerca de um metro de altura, em linha reta, rumo ao local onde já sabe estar dormindo sua presa. Os hematófagos não chupam o sangue de suas vítimas apenas fazem uma leve raspagem na pele com os dentes incisivos e depois vão lambendo o sangue até uma ou duas colheres de sopa.                                                                                                                   
Sua saliva possui um poderoso anticoagulante e analgésico que está sendo muito estudado em laboratórios para fabricação de medicamentos.

Os insetívoros voam depois do pôr do sol, para locais onde há alguma fonte de luz artificial  e ali movimentam-se na caça dos insetos atraídos pela luz ou sobre locais com água, como fontes, lagos e riachos, em clareiras. Outras espécies voam sobre a copa das árvores perseguindo suas presas emitindo sons curtos, repetitivos e agudos para detectá-las.
Estes mocegos têm asas mais estreitas e compridas, objetivando um voo rápido e ágil para capturar suas presas e as orelhas são maiores que os outros, para aumentar a precisão na detecção de som da presa em movimento.

                                                   CURIOSIDADES

O A foto mostra o menor mamífero voador do mundo. É o morcego insetívoro  CCraseonycteris thonglongyai, que mede cerca de 3 cm e só exite na Tailândia e Mno Yanmar.
No México e EEUU,  constroem-se abrigos onde é coletado o escremento – guano - dos morcegos  como fertilizante de alto valor comercial, por ser rico em potássio e outros elementos químicos. Há grutas de onde são retiradas toneladas dele em virtude da importância do guano.
Na Malásia, 22 mil de morcegos são abatidos legalmente todo ano para fins de alimentação em restaurantes especializados.

Há morcegos de pelagem clara, como é o caso do Ectophilla alba, o morcego-branco-de-Honduras, que vive na América Central, mostrados nesta foto.



Nenhum comentário:

Postar um comentário